quarta-feira, janeiro 09, 2008

a vida

A vida é cheia de curvas,


a cada curva há um desafio.


Sempre novo, ou simplesmente mais um.


O que é para alguns uma montanha,


Intransponível é para outros um desafio a vencer.


O que se torna assustador para alguns,


Ainda permanece iluminado para outros.


Os optimistas vêem o caminho à frente.


Os pessimistas ficam tão ocupados,


em olhar para o passado que não conseguem ver o futuro.


As soluções bem diante deles.


Se ficarmos segurando o passado que nos arrasta para trás,


não estamos livres para agarrar a corda da vida,


que nos puxa para frente.


dessa maneira, a vida pára...


Fica monótona e sem graça.


Sem o ingrediente principal


A emoção de viver

segunda-feira, setembro 17, 2007

Um amigo

Há uma casa no olhar
de um amigo.
Nela entramos sacudindo a chuva.
Deixamos no cabide o casaco
fumegando ainda dos incêndios do dia.
Nas fontes e nos jardins
das palavras que trazemos
o amigo ergue o cálice
e o verão
das sementes.
Então abre as janelas das mãos para que cantem
a claridade, a água
e as pontes da sua voz
onde dançam os mais árduos esplendores.

Um amigo somos nós, atravessando o olhar
e os véus de linho sobre o rosto da vida
nas tardes de relâmpagos e nos exílios,

onde a ira nómada da cidade arde
como um cego em busca de luz.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O amor estava em mim...





Depois de procurar em tantos lugares
de andar por caminhos tristes e escuros
percebi que precisava parar de buscar
algo que nem sabia se iria encontrar

Olhei-me no espelho tentando ver quem eu era
joguei fora os meus medos, busquei dentro de mim
uma luz que deu voz ao silêncio das minhas palavras

Enquanto escrevia ia vendo quem sou
e gostei do que via...percebi, enfim
que o amor estava alí, dormindo dentro de mim

Acordamos para a vida...
Agora somos um.
Multiplicado no olhar do outro...amor

sábado, novembro 25, 2006

Quem nao ama a solidao,tambem nao ama a liberdade


Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças (high life), pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.
Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas acções, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.

Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.

A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exacta do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.

Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogéneos causa um efeito incómodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu «eu» sem nada lhe oferecer em troca. Além disso, enquanto a natureza estabeleceu entre os homens a mais ampla diversidade nos domínios moral e intelectual, a sociedade, não tomando conhecimento disso, iguala todos os seres ou, antes, coloca no lugar da diversidade as diferenças e degraus artificiais de classe e posição, com frequência diametralmente opostos à escala hierárquica da natureza.
Nesse arranjo, aqueles que a natureza situou em baixo encontram-se em óptima situação; os poucos, entretanto, que ela colocou em cima, saem em desvantagem. Como consequência, estes costumam esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

terça-feira, outubro 24, 2006

brisa


Na transformação dos dias há uma brisa muito leve.
Dá passos vagarosos e ondula a sua corrente no meu corpo.
Como uma espuma de nuvens passa e segue o seu caminho.
Há um rasgo de luz nas flores que se deliciam na temperatura
Amena e tranquila traz livros de serenidade nas suas mãos.
Traz histórias nos olhos e poemas na boca do meu percursso.
Encontro a fantasia na brisa matinal que me aguça os sentidos.

quinta-feira, outubro 12, 2006

retalhos


A solidão vai envolvendo-nos
Num manto escuro de retalhos
De memórias



E num vazio
Retomamos ao que somos
Ao que nunca fomos

segunda-feira, outubro 02, 2006

Viagem


Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).

Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar."